Inicio | Encontros | Pessoas | Local | Recursos | Pesquisa
Encontros
18 de Novembro de 2006
Calar Alto - Parte II

Há muito tempo que uma ida ao observatório de Calar Alto fazia parte da lista de projectos do nosso grupo.
Várias circunstâncias permitiram agora a concretização desse objectivo.
Há alguns meses fui contactado por Antonio Roman, residente em Granada.
Pretendia informar-se sobre a qualidade dos Obsessions e da nossa satisfação com eles. Eu e o Alfonso respondemos. Passados alguns meses, o Antonio Roman veio de novo ao nosso contacto para nos informar da aquisição de um Obsession de 25”.
Lembrei-me então de propor uma observação conjunta, a fazer em Calar Alto.
A resposta foi imediata: - SIM.
Estabeleci então contacto com o Director de Calar Alto, Dr. João Alves, que muito amavelmente acedeu ao nosso pedido de visita, delegando a organização da mesma em Juan Capel, que passou a ser o nosso contacto e que foi o nosso anfitrião.
Ficámos alojados num hotel, a 13 km do observatório, construído sobre ruínas de um complexo mineiro, Las Menas de Serón. Teve o seu tempo áureo durante a 2ª grande guerra e produzia minério de ferro. Segundo informações que recolhemos, a população da zona de mineração atingia as 100 000 pessoas e, no seu auge, Las Menas de Serón chegou às 2 500. As minas estão desactivadas desde a década de 60 e, das habitações ou outras construções, só restam ruínas.
Na primeira noite, dia 17, ainda cansados da viagem, fizemos uma observação junto ao hotel, situado a uns 1500 metros de altitude. Foi só para matar saudades.
O dia seguinte, sábado tínhamos encontro agendado em Calar Alto para as 14:30 horas locais. Fomos todos a Serón abastecer-nos para o petisco da noite, e rumámos a Calar Alto, onde chegámos à hora marcada e nos encontrámos com Juan Capel.
Calar Alto está instalado no Alto da Serra de los Filabres, atingindo 2168 metros de altitude. Os telecópios estão instalados a cerca de 2150 metros. Do observatório há uma vista desafogada para o lado de Almeria, para a Serra Nevada e para a planície, a norte.
Sendo o enquadramento espectacular, fica vulnerável à poluição luminosa, sobretudo para o lado de Almeria.
Juan Capel começou por fazer uma pequena palestra, historiando a criação do observatório, os problemas que o afectaram e a situação actual, com especial incidência nos programas científicos em curso.
Disse-nos que as temperaturas mínimas, durante o inverno, na área do observatório são hoje cerca de 5ºC mais altas do que em 1979, data da sua construção e que a poluição luminosa é impeditiva de programas de observação visual, pelo que o observatório se especializou em espectroscopia, ocupando neste campo uma posição de vanguarda.
Levou-nos depois a vários telescópios, tendo terminado no de 3,5 metros. Aqui começámos pelas áreas dos equipamentos de apoio, como sistemas hidráulicos, câmara de aluminização, guindaste para remoção e colocação do espelho ou outros componentes, para terminarmos no telescópio propriamente dito. Pudemos ver, com total liberdade de movimentos, os equipamentos tais como os espectrógrafos, nomeadamente o espectrógrafo duplo, ou a câmara de infravermelhos.
Pudemos assistir à movimentação do telescópio e a várias acções de manutenção preparativas dos trabalhos nocturnos.
Durante a visita juntou-se a nós o Antonio Roman e um amigo.
Eram quase 17:30 quando acabámos a visita e nos instalámos na área envolvente de um outro telescópio de momento inoperacional, onde fomos autorizados a observar durante a noite.
Montámos os equipamentos ainda de dia e fizemos o já tradicional petisco enquanto aguardávamos o aparecer das primeiras estrelas.
Depois foi uma longa e maravilhosa noite com o Obsession de 15” a parecer um anão ao lado do de 25”.
O grupo foi constituído por Alberto, Alcino e o seu filho Rodrigo, Anselmo, Filipe Alves, José Ribeiro, Licínio, Luís Carreira, Luís Evangelista, Paulo Barros, Paulo Bénard Guedes, além do Antonio Roman e 6 amadores espanhóis que também acorreram ao local e partilharam a noite de observação, dando a esta noite um ambiente de encontro ibérico.
Quanto a equipamentos, além dos já referidos Obsessions de 15 e de 25 polegadas, havia o DOB de 8” do Luís Evangelista, o Takahashi 90 do Luís Carreira, o Maksutov Newton 8”, f6 do Licínio, o Megrez Apo 80 do Alcino, enquanto os restantes estavam equipados com máquinas fotográficas.
O céu, apesar da notória poluição luminosa, é excelente para as nossas observações, particularmente devido à altitude. E esse facto foi bem aproveitado ao longo da noite.
A noite começou com Urano, seguido de Neptuno com a lua Tritão, no 15”, enquanto o 25” deliciava com fabulosas imagens de M15.
Tivemos uma atmosfera de grande estabilidade e o 15”, muito bem colimado, brindou-nos durante toda a noite com estrelas pontuais. Foi uma revelação ir aumentando a magnificação nos dois componentes do duplo de Perseu e ir desvendando cada vez mais estrelas onde antes parecia não haver nada.
M57 permitiu-nos ver a estrela central, curiosamente melhor no 15” que no 25”. A Veil estava espectacular nos dois. O segmento triangular de Pickering, dificilmente visível em muitas situações, era um verdadeiro mar de nebulosidade.
Chegada a hora de Orion, foi a vez do Trapézio, com as 6 estrelas visíveis e bem destacadas. A imagem do Trapézio era melhor no 15” pelo facto de oferecer estrelas absolutamente pontuais. A nebulosa era mais espectacular no 25”.
A Cabeça do Cavalo, com a ocular Panoptic 22mm e filtro Hbeta foi alvo fácil no 15” primeiro, e no 25” depois. Pareceu-nos que era mais nítida no 15”.
Depois foi a vez da “Cone Nebula”, nebulosa escura no topo do enxame designado por Árvore de Natal. Na noite anterior, junto ao hotel, com filtro Hbeta e amplificações entre 330x e 560x, tínhamos conseguido vê-la com clareza. Aqui; com as mesmas amplificações, vimo-la mesmo sem qualquer filtro. A noite terminou com Saturno, espectacular sobretudo no 25”.
Pelo meio ficaram galáxias como M31, M32, M110, M33, M51, M77, os enxames abertos de Auriga até magnitude 14, uma deambulação pelas galáxias de Baleia até magnitude 12, várias planetárias, com destaque para o NGC1514 em Touro, com uma estrela central muito brilhante e um enorme halo visível em OIII.
O ponto alto da noite foi e nebulosa Esquimó. Excelente no 15” estava de cortar a respiração no de 25, revelando detalhe nunca antes observado por algum de nós.
Decepção foram as Leónidas. Embora tenhamos visto algumas bastante brilhantes, o total da noite não terá atingido 50, frustrando as expectativas criadas.
A noite terminou pelas 06:20 da manhã, após 16 horas no observatório e 13 na zona de observação.
Cumprimos mais um objectivo, com a sorte que sempre protege quem arrisca.
Após semanas de chuva, tivemos duas noites magníficas, com temperatura perfeitamente suportável, apesar da altitude.
A viagem de regresso foi feita a três tempos.
O Licínio, acompanhado do P. Barros e do Filipe, regressaram no domingo, após um almoço do grupo em Bacares. Os restantes partiram na 2ª feira; Alberto e José Ribeiro directos a Lisboa, os restantes com uma passagem por Granada para uma visita ao Alhambra.
Percorremos quase 2000 km, mas valeu a pena.

Alberto



For a long time, a visit to Calar Alto has been an objective of our group. The circumstances permitted to achieve that goal now.
Months ago, I was contacted by Antonio Roman, from Granada. He asked about the quality of the Obsessions and about our satisfaction with them. We answered, me and Alfonso. Recently, Antonio Roman came back to inform of the acquisition of a 25\" Obsession.
I suggested an observation together at Calar Alto, and his answer was immediate: - YES!
So I established a contact with the Director of Calar Alto, Dr. João Alves, who very kindly accepted our request and delegated the organization in Juan Capel, who was, after that, our contact and amphitryon.
We lodged 13km (8 miles) away from the observatory, in a hotel built over the ruins of a mining complex, Las Menas de Serón. It has been at its higher during the 2.nd world war, and produced iron ore. According to information from the hotel staff, the region reached a population of 100 000 people, and Las Menas de Serón, about 2 500.
The mines are closed since the decade of 60 and almost nothing remains but ruins.
The first night, still tired from the trip from Lisboa, we held a short observation near the hotel, at 1500 meters of altitude.
The next day, Saturday, we had an appointment at Calar Alto for the 14:30 hours. So we are gone to Serón to buy drinks and food for a snack in the evening and headed to Calar Alto where we arrived just in time and met Juan Capel.
Calar Alto is situated at the top of Sierra de los Filabres, reaching the altitude of 2168 meters. The telescopes are installed at about 2150 meters. From the observatory there is an unobstructed view towards Almeria, to the Sierra Nevada and to the low lands, to the north.
The landscape is marvellous but vulnerable to light pollution, particularly from Almeria.
Juan Capel started with a briefing about the construction of the observatory, the problems that affected and affect it now, and focused on the scientific programs going on at present time.
He told us that the winter lowest temperatures, in the area, are 5ºC higher than by 1979, date of inauguration, and that light pollution impeaches now programs of visual observations or even photometry, reason why the observatory specialized in spectroscopy, having a leading position in this aspect.
He took us to various telescopes, ending in the one with a 3,5 meters mirror. There we started by the areas of supporting equipments, like the hydraulic systems, aluminization chamber, crane for removal and installation of the mirror and other components (the mirror weighs 13 tons), to finish in the telescope itself. We were free enough to watch and get information about the equipments like the double spectrograph or the infrared camera. We could watch the telescope being moved while some maintenance action were carried out in preparation for the night programs.
During the visit to the telescope, Antonio Roman and a friend joined us.
It was almost 17:30 when the visit ended. Then we went to an area around another telescope, momentarily out of service, where we had authorization to stay for the night. We set up the equipments and had the traditional snack while waiting for the first stars.
Then it has been a long and marvellous night, the 15\" Obsession looking like a dwarf side by side with 25\".
The group was formed by Alberto, Alcino and his son Rodrigo, Anselmo, Filipe Alves, José Ribeiro, Licínio, Luís Carreira, Luís Evangelista, Paulo Barros, Paulo Bénard Guedes, beyond Antonio Roman, his friend and 5 spanish amateur astronomers who also came to the place and shared the night with us, giving to the night an atmosphere of an iberic meeting.
As for equipments, beyond the referred Obsessions of 15" and 25", there was an 8" DOB of Luís Evangelista, a Takahashi 90 of Luís Carreira, a Maksutov Newton of Licínio, a Megrez Apo of Alcino, along 3 Canon 350D and varied digital cameras and tripods.
The sky, despite the noticeable light pollution, was excellent for our observations, particularly due to the altitude. And that fact was very rewarding along the night.
The night started by Uranus, followed by Neptune and its moon Triton, in the 15", while the 25 offered fabulous views of M15.
There was a high athmospheric stability and the 15", accurately collimated, awarded us with pointlike stars all night long. It was exciting to increase the amplification in both components of the double cluster in Perseus, finding out new stars where it seemed to be nothing before.
M57 allowed the sighting of the central star, curiously better in the 15" than in the 25 (collimation probably). The Veil was glamorous in both telescopes. The Pickering triangular whisp, hardly visible in most situations, looked like a sea of nebulosity.
It came the time for Orion, and the Trapezium displayed easily the 6 stars. The view of the Trapezium was better through the 15" because the stars were absolutely pointlike, but the nebula was much brighter through the 25".
The Horsehead nebula, with a 22mm Panoptic eyepiece and a Hbeta filter was an easy sighting first in the 15", then in the 25".
Then it was the Cone nebula, a dark nebula topping the top of the Christmas Tree cluster. The night before, near the hotel, we had seen it with the help of a Hbeta filter and amplifications from 330x to 560x. Here, with the same amplifications, we didn't need any filter to see it. The night ended in Saturn, absolutely outstanding, specially in the 25".
On the way, there was time for galaxies like M31, M32 M110, M33, M51, M77, for the open clusters in Auriga up to magnitude 14, for a tour through the galaxies of Cetus up to magnitude 12, for a choice of planetaries, highlighting NGC1514 in Taurus, with a bright central star and a large and irregular halo through an OIII filter.
The best of the night was the Eskimo Nebula.
Excellent through the 15", it was a breathtaking view through the 25", showing detail never observed before by anyone of us.
The Leonidas meteor shower was a deception. Even if saw some bright ones, the total of the night was bellow 50, frustrating our expectations.
The night ended by 06:20 AM, after 16 hours in the observatory and 13 hours at the observation site. We achieved a goal with the luck that allways favours those who dare.
After several weeks of rain, we had two wonderful nights, with low but reasonable temperatures.
The trip back to Lisboa was done in 3 groups. Licínio, P. Barros and Filipe, returned Sunday, after a lunch of the entire group at Bacares. The rest departed Monday; Alberto and José Ribeiro direct to Lisboa, and all the others with a stop at Granada for a visit to the Alhambra.
We drove for almost 2000 km (1200 miles) but it was worth the effort.

Alberto


 O Corpo Expedicionário
PBarros

 A Serra nevada a Poente. FA.

 A Sul a costa mediterrânica e Almeria. FA.

 Antes de um dia de astronomia só podia haver gastronomia! FA.

 O grupo ao pé de uma câmara Schmidt. FA.

 Um pequeno telescopio de 3.5m

 

 Na viagem de volta a primeira astrofotografia feita a alta velocidade! =)

 O Anselmo e o Obsession de 25" do Antonio.

 O Guedes, o Filipe e o Anselmo no topo do mundo! PBarros

 O Zé e o Alberto a montarem o Obsession de 15".

 Zeiss 2.2m
Luis Carreira

 Quem não gostaria de ter um sinal destes lá no quintal ?
Who wouldn\'t like a sign like this on the backyard ?Luis Carreira

 El Mayor de la Iberia: Zeiss 3.5m

Luis Carreira

 É mesmo grande!!
PBarros

 Simbolo do Observatório
Observatory-s Symbol
Luis Carreira

 Primeira observação, no pátio do Hotel. L.E

 A cupula do Telescópio de 2.2 metros. L.E

 L.E

 L.E

 Paronamica do Local de observação. L.E.

 dia 20, Vista do Hotel pela madrugada. L.E

 L.E

 O Luis Carreira com uma das ferramentas favoritas dos astronomos amadores. L.E