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Encontros
28 de Junho de 2003
Mais Serpa

Existem momentos que serão sempre lembrados, esta ida a céus alentejanos ficará sempre um desses momentos especiais que nos faz entender o Porquê de gostarmos tanto de observar o Céu.
Pessoalmente, estas noites em Pulo do Lobo foram umas das melhores que tive na minha ainda na minha curta experiência de observador.
Embora sendo essenciais, não basta apenas o Céu e os instrumentos para garantir a completa satisfação, o sentimento de partilha tanto material como da emoção de ver pela a primeira vez alguma galáxia ou nebulosa de uma foma nunca antes por nós observada, torna esses momentos verdadeiramente completos. Não interessa apenas ONDE ou COMO como os passamos mas sim também com QUEM.

1º Dia

Eu cheguei ao local de observação perto das 21 horas de sexta-feira pouco após do Sol se ter posto, já deparando com os telescópios do Zé Ribeiro (LXD), Alberto e Alfonso (Obsession 15") e do Anselmo (Merak 12") já práticamente prontos para acção.
O Zé estava entretido a fazer o seu tradicional "flat" antes de jantar, estando o Alberto e o Alfonso já a colimar os seus Obsession. Estes Obsession são verdadeiras obras de arte, com um requinte e qualidade de construção para lá de qualquer telescópio que tenha antes visto.
Da minha parte montei o Takito para fazer umas exposições de grande campo com a objectiva de 50mm e uns "star-trails" na polar e Cassiopeia com a OM1, e também o meu dob de 20cm para ir adiantando na minha lista de objectos a observar.

As nuvens acompanharam-me na viagem desde Leiria até Serpa, fazendo-me por vezes duvidar se teríamos sorte de uma noite limpa, mas o vento que por vezes até soprava com força, tratou de as fazer desaparecer na quase sua totalidade , havendo apenas nuvens no baixo horizonte. O céu por volta da meia-noite ficou práticamente limpo e com uma boa transparência e pouca turbulência. A magnitude visual limite estava perto de 6.
Nesta altura do ano as noites são muito curtas começando por voltas das 23 horas e terminando logo após as 4 da manhã, mas tal não evitou a observação de uma grande quantidade de objectos, mesmo antes do crepúsculo astronómico (e do jantar).
O jantar foi bem um petiscar à portuguesa com várias qualidades de queijo, presunto, paios sendo tudo regado com oculares fresquinhas, e com o engraçado relato das aventuras e desventuras passadas com a GNR local.

Escusado será dizer que as 15" dos Obsession práticamente eclipsaram os telescópios mais pequenos. A combinação da abertura com um céu de magnitude perto de 6 é realmente fatal. Fiquei completamente embasbacado com a(s) Veil quando vistas com o filtro OIII, a quantidade de detalhe era no mínimo enorme, comparável com as melhores astrofotografias, mas com um brilho e tridimensionalidade talvez impossível de captar em astrofotografia - e mais impressionante é que era ao vivo e em directo.
Outro objecto deveras impressionante foi a M51 e galáxia acompanhante que para além de imediatamente visíveis os braços era também visível e notória a ponte entre elas. Em Sagitário estiveram também indescritíveis as M8, M20, M21, M17 entre outras nebulosidades. Mais para o fim da noite também a enorme planetária Hélix esteve memorável com o seu centro destacadamente mais escuro que a parte exterior. A planetária Fantasma de Saturno fazia bem juz ao seu nome notando-se bem as "orelhas".

Por volta das 3 da manhã Marte já se encontrava a uma boa altitude, e nos momentos de menor turbulência era possível observar bom detalhe nas manchas de albedo, e com um filtro azul escuro era possível salientar bem as nuvens brancas nas regiões mais equatoriais - passei uma boa meia-hora a experimentar filtros neste planeta. Também tentei ver a estrela central da M57 a cerca de 600x, mas não posso dar realmente como observada, embora tenha notada uns piscos muito breves.

Depois das 4:30 da manhã já se notava o clarear da noite, começando-se a arrumar lentamente o equipamento. Ficamos todos até perto das 6 da manhã a apreciar aquela calma crepuscular, tendo como pano de fundo um fino crescente da Lua com Vénus a surgir logo após tendo aguardado pelo o ilusivo Mercúrio que não consegui escapar a tempo da crescente luminosidade. Fomos então todos tentar dormir um bocadinho.

2ª Dia

Depois de todos termos dormido algumas horitas (os mais felizardos), fomos almoçar um frango caseiro guisado com batatas numa imapeável tasca perto de Alqueva, onde se vieram juntar o Alcino e o Paulo. Depois do almoço fomos para perto de uma das zonas inundadas pelas as águas da barragem do Alqueva, que cortou a meio uma das estradas.
Nas margens Alfonso montou o Tak 102 com filtro Ha na eq6 do Paulo e eu montei o takito para a luz branca, e ficamos o resto da tarde a observar e a apanhar Sol, seguida por um paradisíaco banho de água doce que até o takito não escapou.
Regressando, fomos todos novamente para o local de observação.

Apesar de ter estado práticamente limpo o dia todo, para o fim da tarde formaram-se algumas nuvens e alguma neblina alta, havendo também fumo de fogo, que felizmente se manteve ao largo. O frio chegou mais cedo, assim como a humidade foi maior que a da noite anterior, mas nada que obrigasse a utilização de aquecedores. A transparência também foi menor por culpa das neblinas altas, mas o céu ainda tinha uma magnitude perto de 6,
Depois de todos montarmos os telescópios, seguiu-se o tradicional petisco, desta vez com frango assado quentinho e tudo, claro que tudo regado com oculares fresquinhas.

Até às 2 das manhã andei entretido a fotografar àreas de Cisne e Sagitário com a objectiva de 200mm da Olympus. Das 2 em frente estive com takito a ver as nebulosidade em Cisne tais como as Veil e a "North America", esta última ficando muito bem enquadrada nos quase 3 graus e meio da pan24 com filtro UHC, tendo depois virado para o meu desprezado dob a observar objectos em Cassiopeia, Andrómeda, Cefeu e Pégaso, terminando a noite em Marte.

Arrumámos mais cedo, pois o cansaço acumulado já era grande e a noite também não estava excepcional.

No seu conjunto, foram observações cheias tanto em quantidade como em qualidade, que faria o satisfazer por algum tempo o mais apaixonado observador visual. Valeram bem os dias mal dormidos e os quilómetros feitos.

E para terminar em grande, no dia seguinte fomos almoçar a Alcácer do Sal um fabuloso bife de javali.

Luis,



 Parece que as cabras também começam a interessar-se pela Astronomia...

 Luís Carreira e o vício da fotografia...

 José Ribeiro e Alfonso Portela de molho no Alqueva.

 Alberto a estudar o manual do Obsession

 H2O??? então não era H-alpha??

 Com os pés na água e os olhos no Sol...

 Os Maks do Paulo e do Alcino ao Pôr do Sol

 O Pôr-do-Sol em Pulo do Lobo, a hora da observação aproximava-se...

 O José Ribeiro e o Alberto a tentarem perceber o Obsession enquanto o Luis Carreira prepara as coisas.

 Será este o "sentimento" do Alfonso pelo Obsession? Nã! :)

 Antes de observar uma boa Nagler ;) para aquecer.

 O Sol em H-alpha no Taka do Alfonso com o Coronado60mm

 E mais H-alpha

 Paulo BG e o vício da fotografia... ;)

 O Anselmo, o Alcino e o Paulo

 Ahh, há vidas piores...

 A cereja em cima do bolo que foi uma noite bem passada

 É repetida mas é sempre bonita

 Astrónomo feliz, Parte I

 Astrónomo feliz, Parte II

 Uma hora e meia apontada para a estrela Polar

 Céu 5*

 Despertador sineiro...

 Quase prontos......para o petisco.

 Quase prontos....para o petisco (2)