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Encontros
9 de Abril de 2005
Ainda se vê alguma coisa

Para a história local
Quem diria, que ia viver o suficiente para voltar a ver o dia em que, numa noite com muitos amantes do céu presente, o número dos telescópios de uso visual ganhassem largamente aos de uso fotográfico. Esta noite de Sábado ofereceu esse prazer quase único.
No apogeu de actividade e com o eclipse das horas (a passagem das 23:59h para 0:00h) o terreno suportava 6 telescópios Dobsonianos, 2 Newtonianos com montagem equatorial, 3 refractores, 1 Maksutov/Cassegrain, todos equipados com oculares, contra um refactorzito, um Newt e um telescópio brinquedo de uma marca conhecida pouco apreciada pela nossa comunidade, com a saída do focador obstruído por dispositivos electrónicos de captação de imagem.

Então, já não há condições...?
A chegada dos primeiros observadores se deu pouco antes das 21:00h, ainda com luz suficiente para discernir a cor ou falta dela na cara dos colegas. Mas quando os equipamentos estavam montados, a noite já tinha caído. Se bem, para ser justo não se podia chamar esse céu uma noite autêntica, tal era o clarão artificial em redor do horizonte. Nem mesmo o zénite estava escuro, o que significa, visto que não havia lua por perto, que a atmosfera estava bem carregada de água. Isto é normalmente um sinal para um ar estável, embora não perfeitamente transparente, excelente para observar planetas. Mas não tivemos essa sorte. Tanto fazia o instrumento, Júpiter tão proeminente no céu, e Saturno não passavam de borras luminosas que teimavam oferecer qualquer vista mais pormenorizada. Muito engraçado era a bela constelação que as luas jovianas faziam entre si. Do lado leste, entre as luas e o disco de Júpiter, espreitava um pequeno ponto de luz como se fosse uma luazita nova, mas na realidade, se tratava de uma pequena estrela de mag. 9 que acabou de ser ocultada pelo planeta gigante durante a fim da tarde.

No início cada um tratava, junto do seu próprio instrumento, matar as saudades iminentes da carência mais ou menos acentuada de noites atalaiaenses livres de Lua e com as primeiras constelações da Primavera fazer a sua entrada celeste. Mas gradualmente os observadores visuais se foram espalhando para acabar também na saída de ocular dos outros ou com olhar reprovador/aprovador ao ecrã dos três colegas que se dedicaram a transformar fotões em bits e bytes num suporte digital.
Destaque e aplauso para a presença de algumas companheiras dos colegas que, corajosamente armadas com um balde cheio de boa vontade e paciência, se aventuraram noite fora, em detrimento do tão importante sono rejuvenescente, para arriscar de ouvir os nossos disparates e paleios de astrónomo por dentro. Tenho as minhas dúvidas, se tais saídas são suficientemente compensadas com as vistas telescópicas que podemos oferecer. Bem, ao menos assim sabem elas onde andamos e que continuamos tão loucamente apaixonados por outras como sempre...felizmente uma paixão de consumo a grande distância, perfeitamente compatível com uma relação sã entre homem e mulher.

Cá embaixo estamos nós, lá em cima....
Ao longo das horas inicias da noite foram chegando cada vez mais observadores, especialmente alguns frequentadores mais recentes. O mais divertido aspecto foi a vista dos telescópios gémeos...dois Dobsonianos de 10 polegadas iguaizinhos por estrear, colocados lado ao lado. Ambos deixaram os seus novos donos satisfeitos, com vistas para os globulares da época actual, umas galaxiazitas e, por fim, a primeira espreitadela do ano para a nebulosa do anel na Lira.

Feliz também ficou o José (Ribeiro) com o rendimento da sua mais recente aquisição, uma câmara ST7 da SBIG, o primeiro instrumento dessa gama de qualidade fazendo entrada no nosso campo. Realmente, a câmara promete, visto que ela conseguiu apesar do telescópio (culpa da marca) e mesmo sem refrigeração (culpa do fornecedor), captar em pouco tempo (culpa do CCD), imagens muito interessantes do céu profundo (persistência do operador).

Enquanto o Filipe alternava entre mimar a sua paixão pela fotografia das estrelas e pela a com a Leonor, o Paulo mostrava sinais de indecisão entre ser feliz pelo o que a sua Atik produzia, pelo o que o seu novo telemóvel consegue fazer, pela previsão de ser pai daqui alguns meses ou, simplesmente, porque a vida lhe corre razoavelmente bem.

Do campo dos meros observadores, a colheita foi razoável, apenas limitada pelo brilho do fundo do céu, que pouco contraste fornecia. Exigindo, portanto, amplificações grandes, o número e o tipo de objectos observáveis era mais restrito e os resultados, literalmente, não muito brilhantes. Tenho a sensação que o Francisco, com o seu Dob, fez uma meia-maratona Messier não planeada. O Luís (Evangelista) ensinou, creio com sucesso, ao seu refractor novo como deve mostrar os objectos celestes.
A dada altura, já perto das 3 da manhã, o Obsession comandado por Alberto e, por interferência radioeléctrica também pelo Alfonso, fez um passeio pelos enxames globulares na região de Ofiuco, que se mostrou bem interessante para a vista.
Este passeio confirmou uma regra antiga: Se o fundo do céu é muito brilhante, é preciso mais amplificação para criar contraste, mas também é preciso diminuir a quantidade de vidro por onde a luz passa. Foi, portanto, a ocular ortoscópica que desta vez ganhou sobre todas as Naglers e Powermates.

Nos diversos instrumentos, e propício para esta particular altura estival, observavam-se um grande número de galáxias, a maioria incluídas no catálogo Messier. Considerando as condições do fundo do céu, também houve vistas razoáveis e mesmo boas para umas mãos cheias de enxames, os planetas em destaque, algumas estrelas múltiplas e uma ou outra nebulosa (p.ex. a Orion, Catseye, Blinking, Ring, Veil, etc.).

Sem pôr, nem tirar
Para além da presença das estrelas, quase duas dezenas de gente tornavam esta noite mesmo muito agradável, a qual foi enriquecida ao longo de todo o tempo pelo concerto dos pássaros (só um ornitólogo talvez sabe se foi o ano novo das aves, o casamento de uns periquitos famosos ou a inauguração de uma nova árvore de repouso).
A colheita fotográfica em baixo comprova o que os artistas extraíram do universo visual. Os outros ficam com as imagens gravados na memória e na alma.
Foi, sem dúvida, uma bela noite, bem a maneira do grupo Atalaia.

Not a really good sky? So what?
Despite the lack of moonlight, the sky\'s background was extremely bright, though with very little turbulence. Anyhow, whilst the clock advanced, we had a marvellous gathering of nearly 20 stargazing enthusiasts, great talks, nice picture capturing, and lot of aperture pointing outward of our Milky Way to pin down strange and less strange galaxies, but also, looking inward, to some really cute globular clusters, a few nebular beauties and some multiple stars of our more immediate vicinity .
Our two biggest planets surrounding the sun only gave an awful smudgy display, so unsatisfying, that, would we have to pay for the views, lot of claims for refund might have entered.
Thus, except a lot of fun and pleasure, great companionship, still very fine views and some splendid photographic harvest you may appreciate scrolling further down this page, one did not actually miss anything…or did?



 NGC4565 em Coma Berenices com magnitude 10.3 e um tamanho de 14.9' X 2.0', conseguem-se ver na imagem mais algumas companheiras mas a mais óbvia é a NGC4562 mag 13.5 2.7' X 0.7'. PBG

 NGC5907 em Draco ma galáxia de perfil um pouco mais pequena 11.8' X 1.3' magnitude 11.1. PBG

 ngc6888, Crescent Nebula. 3x500s, SBIG ST7 sem refrigeração, H-alfa. JR

 Da esquerda para a direita, ncg5981, ngc5982, ngc5985. 6x620s, SBIG ST7. JR

 A M27 com a 300D no já velhinho, cheio de coma e descolimado Newtoniano 10\" chinês, em cima da inquieta mas perseverante G11 cujo PEC ainda não foi treinado. FA.

 NGC4725 e NGC4712 à esquerda. 7x620s. JR & FA

 NGC 4631 e NGC 4627

 Parte oriental da nebulosa do véu. FA.

 NGC5907

 A 300D a tentar competir com a ST7..´.
Acho que vou jogar ao totoloto.... FA.